O comitê criado para discutir o projeto de criação de uma casa de passagem indígena em Cascavel reuniu-se na tarde desta sexta-feira (11) na Câmara Municipal de Cascavel. Na oportunidade, o grupo discutiu maneiras para que a proposta seja ampliada no sentido do local não ser simplesmente um abrigo, mas que se constitua em espaço de referência com políticas públicas de assistência social e que oportunize aos indígenas agregar valor por meio da venda de seus artesanatos.
O vereador Paulo Porto (PCdoB), que representa o Legislativo no comitê, argumenta que a proposta deva seguir um modelo similar aos Cras (Centro de Referência de Assistência Social). “Partimos da ideia de uma espécie de um ‘Cras Indígena’, ainda que esse seja um modelo ideal de implantação na própria comunidade. Porém esse projeto deve partir de algo similar, no sentido de criar mecanismos de acompanhamento desses indígenas, por meio de educadores, psicólogo, uma equipe disciplinar, junto a supervisão de uma família kaingangue”, comenta.
Porto, que é indigenista, explica que é preciso criar políticas que possam acompanhar os casos de indígenas com alcoolismo, um dos principais problemas que atingem os índios que rumam à Cascavel. “Mesmo com a construção da casa, as migrações irão continuar, porém iremos conseguir fazer esse monitoramento dessas situações de maior risco, dessas famílias com problemas com o álcool. Temos graves problemas neste sentido, como também de drogatição, violência, prostituição. Se não for criada uma política específica nós teremos problemas futuros como a favelização de indígenas no município”.
A equipe do Plantão Social da Prefeitura de Cascavel explicou que essa proposta vem de encontro com o plano de gestão da Casa de Passagem, que contaria com um assistente social, um psicólogo, além de quatro educadores. O espaço ainda contaria um agente administrativo, duas zeladoras e um guarda patrimonial.
Para Jair Pereira, representante do Conselho Comunitário, o projeto do Executivo ainda é inconsistente na questão da gestão e da dissociação da viabilização de renda aos indígenas. “É preciso agregar valor a esse projeto, uma proposta comercial a eles [índios] na venda de seus artesanatos”, disse o líder comunitário, sugerindo que a casa seja construída em uma região central, levando-se em conta o impacto de vizinhança e a questão ambiental.
Paulo Vallini, representante do Sindicato Rural Patronal, cobrou a contrapartida dos povos indígenas no projeto, argumentando que o comitê deve pensar em projetos voltados à reserva indígena de Rio das Cobras, como capacitação destes povos dentro de suas comunidades. Ele também sugeriu que seja convidado para a próxima reunião um representante da Prefeitura de Nova Laranjeiras.
Para Paulo Porto, a reunião foi produtiva. “Referendamos a necessidade de que a casa seja um espaço de assistência social e conseguimos tirar encaminhamentos para próxima etapa que é iniciar estudos sobre o local ideal para a construção da casa, avaliando todas essas questões apontadas pelas entidades”, concluiu o vereador. A próxima reunião do grupo de trabalho foi agendada para o dia 25 de abril, às 16h, em local a definir.
Assessoria de Imprensa