O grupo de trabalho que discute a instalação em Cascavel de um local para acolhimento indígena reuniu-se nesta quarta-feira (19) para a primeira reunião do comitê. A criação do grupo foi um dos encaminhamentos extraídos da audiência pública realizada no ano passado na Casa de Leis.
O grupo de trabalho é formado por integrantes da Secretaria de Ação Social, representando o Executivo, Câmara Municipal representada pelos vereadores Paulo Porto (PCdoB) e Vanderlei da Silva (PSC), Ministério Público, Defesa Civil, Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e o Adolescente (CMDCA), Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher (CMDM), Conselho Tutelar, Sindicato Rural Patronal e Conselho Comunitário.
A reunião debateu qual a melhor maneira de implementar a Casa de Passagem, ficando a prefeitura responsável por apresentar na próxima reunião quais são as áreas disponíveis para construção. Um dos principais pontos da discussão foi a necessidade de conscientização da população em relação ao indígena, diminuindo o preconceito e garantindo os direitos sociais destas populações. Quando da proposição da Casa de Passagem na zona sul, não existiu um amplo debate popular que esclarecesse a comunidade sobre as estratégias envolvidas no projeto, que necessitava, por exemplo, de proximidade com a Unioeste para garantir projetos de extensão relacionados à educação e formação das crianças e adolescentes indígenas. Estes ficariam na instituição enquanto os pais comercializavam o artesanato, evitando um dos maiores problemas enfrentados atualmente, que é a vulnerabilidade destas crianças na ruas.
Jair Pereira, representante do Conselho Comunitário, explicou que um dos erros cometidos na definição da área na zona sul era a utilização de uma área de utilidade pública, que legalmente não pode ser utilizada para este fim. Paulo Vallini, do Sindicato Rural Patronal, também lembrou da co-responsabilidade das entidades representativas indígenas nas esferas nacionais e estaduais “os índios estão vindo para cá não apenas para vender seu artesanato, mas para conseguir donativos. Isso significa que alguém não está cumprindo seu papel de fornecer condições adequadas para que estas pessoas possam sobreviver”.
O vereador Paulo Porto (PCdoB), que é indigenista e trabalha com comunidades tradicionais desde 1990, esclareceu, "na audiência realizada no ano passado ficou definido que a construção da casa é importante como forma de política pública inexistente no município, sabemos que se não criarmos ações para impedir a favelização do índio hoje em Cascavel, teremos um problema social bem maior lá na frente, que envolve o alcoolismo, a prostituição e a drogadição”.
A construção da Casa de Passagem é um projeto da Secretaria de Ação Social de Cascavel, autoridades do município de Nova Laranjeiras, secretarias do Estado do Paraná, representantes indígenas e do Ministério Público. Quem desenvolve o projeto é a Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná). O complexo indígena está sendo projetado para ter dois módulos com capacidade para 20 pessoas cada, além de um centro de convivência, onde os indígenas poderão comercializar seus artesanatos.
A próxima reunião do Comitê está marcada para dia 11 de abril, às 16h, na antessala do plenário da Câmara.
Assessoria de Imprensa/ Câmara Cascavel