Nesta quinta-feira (07), o Conselho de Ética da Câmara colheu o depoimento de três testemunhas para tentar esclarecer dúvidas relacionadas com a investigação da suposta tentativa do vereador Ganso sem Limite (PSD) de burlar o sistema de agendamentos no Cisop (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste do Paraná).
O primeiro a ser ouvido foi o médico Jorge Trannin, que foi diretor clínico do Cisop e chefe da 10ª Regional de Saúde. O foco de seu depoimento foi falibilidade do sistema de agendamentos. Trannin afirmou “nenhum sistema é impermeável a fraudes, mas é possível diminuir esta margem com fiscalizações intensas”. Segundo ele, quando o método de marcação de consultas era através de fichas, houve casos de emissão de fichas além da cota no município de Cascavel e também de atestados que não foram reconhecidos pelos médicos que supostamente teriam emitido os documentos. O médico criticou o sistema de saúde, que acumula os atendimentos nos estabelecimentos de média e alta complexidade e não atende de maneira universal e completa nas unidades básicas de saúde.
O destaque do depoimento da secretária executiva do Cisop, Nelva Savaris, foi a afirmação de que “40% dos médicos não usam integralmente o sistema informatizado de prontuário médico”. Questionada pelo vereador Paulo Porto (PCdoB), Nelva explicou que, agindo de má-fé, os médicos podem realizar consultas ou fazer pedidos de exame sem que o paciente tenha passado pelas etapas prévias de atendimento. A representante do Cisop esclareceu que houve efetivamente uma queda de energia no dia em que o vereador Ganso sem Limite foi entrevistado pela imprensa em fevereiro. Ainda segundo ela, uma sindicância interna apurou a responsabilidade de uma prestadora de serviços que teria autorizado exames irregularmente, inclusive no dia 24 de fevereiro.
O último a depor, apenas como informante, foi o sindicalista e membro do Conselho Municipal de Saúde, Laerson Vital Matias. Laerson é o autor da denúncia protocolada na Câmara pedindo a abertura de comissão processante contra o vereador Ganso sem Limite, junto com outras 200 pessoas. A denúncia foi arquivada por decisão do plenário. Laerson explicou que sua acusação era baseada nas matérias veiculadas pela imprensa, mas há anos existe a suspeita de que os vereadores utilizam de sua influência política para conseguir consultas, exames, cirurgias e medicamentos. “No dia 23 de fevereiro, uma conselheira da saúde havia denunciado que vereadores estavam fraudando o sistema e coincidentemente, no dia 24, um vereador foi flagrado com indícios fortes de estar furando fila”.
As próximas oitivas acontecem na próxima segunda-feira, (11), às 14h no plenário. Estão convocados Fernando Maleski, Hugo Aloísio Eidt, Dazima Aparecida Machado da Costa, Daniel de Matos e Jeovane Machado.
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar é formado pelos vereadores, além de Pedro Martendal (PSDB), Paulo Porto (relator/PCdoB), e pelos membros Robertinho Magalhães (PMN), Walmir Severgnini (Pros) e Jorge Menegatti (PSC).
Assessoria de Imprensa/CMC