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CPI da Saúde: Coordenador da UBS do Santa Felicidade admite venda de fichas para consultas

Os vereadores que integram a CPI da Saúde (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara convocaram para prestar esclarecimentos nesta sexta-feira (14), três depoentes: Julio Mainarde, coordenador da UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro Santa Felicidade; o presidente da Associação Médica de Cascavel, Luiz Burgarelli e o presidente do CISOP, Darci Tirelli.

O médico Luiz Burgarelli não compareceu à oitiva porque estava viajando a trabalho. Em dezembro a Comissão tentou localizar o Burgarelli para entregar a convocação, mas na ocasião ele também estava viajando.

O primeiro a ser ouvido foi Julio Mainarde e os principais questionamentos dos vereadores versaram sobre a distribuição de fichas, jornada de trabalho dos médicos e demora na espera por consultas com especialistas. O coordenador negou que exista algum tipo de irregularidade no cumprimento dos horários dos profissionais, mas admitiu que pessoas estivessem ficando na fila para vender fichas para outros pacientes, “nós temos problemas com as filas que se formam, principalmente por que falta mais um médico clínico geral, então percebemos que alguns pacientes estavam sempre lá pegando fichas e vendendo para outras pessoas que não podiam passar a madrugada na fila”. Segundo Julio, a venda era feita por pessoas, inclusive uma idosa, para garantir o sustento da família, pois eram famílias de baixa renda, “encaminhamos a idosa que fazia a venda de fichas para a assistência social da prefeitura e também tentamos ajudá-la com a aposentadoria”, explicou o coordenador. Gugu Bueno (PR), presidente da CPI, pediu que Julio apresente todos os dados referentes ao caso à Comissão.

O último a ser ouvido foi o presidente do CISOP (Consórcio Intermunicipal De Saúde do Oeste do Paraná) e também prefeito de Diamante do Sul, Darci Tirelli. O presidente explicou que o sistema de consultas do consórcio é informatizado e funciona por cotas divididas proporcionalmente entre os 25 municípios que formam o grupo. Cada município paga R$ 1,09 por habitante para garantir o direito ao atendimento de sua população. Cascavel tem uma cota de 56,98% no consórcio e contribui com cerca de R$ 300 mil, além de outras despesas, como exames laboratoriais. São realizados 65 mil atendimentos por ano, com 80 mil vagas disponíveis.

Darci afirmou que um dos problemas enfrentados pelo sistema é que em Cascavel, de 11% a 12% das pessoas faltam às consultas, enquanto em outros municípios, este índice é de apenas 3%. As vagas liberadas quando um paciente de Cascavel não comparece não são rateadas novamente pelo consórcio, situação permitida nos outros municípios. Questionado por Gugu Bueno e pelo vereador João Paulo (PSD), Darci afirmou não ter conhecimento de fraudes no sistema, mesmo porque se alguma consulta for feita fora do agendamento online, a conta seria paga pelo consórcio, que imediatamente tomaria conhecimento da fraude.

Uma nova oitiva está prevista para o dia 24 de fevereiro, às 16h, quando deve haver uma nova convocação do presidente da AMC, Luiz Burgarelli. Até o momento, a CPI recebeu mais de 900 denúncias e ouviu cerca de 40 pessoas. O processo de investigação da saúde pública em Cascavel já tem 22 volumes e mais de quatro mil páginas.

Regina Krauss/Assessoria de Imprensa/CMC