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Fracking: Comissão de Meio Ambiente promove fórum para discutir técnica de exploração de xisto

Nesta quarta-feira (11) o plenário da Câmara de Cascavel esteve lotado para discutir os efeitos da utilização da técnica do fracking (fraturamento hidráulico) na exploração do gás de xisto ou shale gas. A discussão foi conduzida pelo engenheiro Ivo Pugnaloni e contou com a participação de vereadores de Cascavel, Toledo, Marechal Candido Rondon e Foz do Iguaçu, Sociedade Rural e Sindicato Rural de Cascavel, Acamop (Associação das Câmaras Municipais do Oeste do Paraná), Univel, Unioeste, AMIC (Associação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Oeste do Paraná), Conam (Conselho Municipal de Meio Ambiente), Conder (Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural), Secretaria de Agricultura e Conselho Comunitário.

O palestrante é engenheiro eletricista, ex-diretor de Planejamento e Distribuição da Copel e presidente do Grupo Enercons Consultoria em Energias Renováveis. Ivo é especialista em assuntos energéticos e acompanha o processo de exploração de xisto no Paraná.
Ivo Pugnaloni acredita que pelo princípio da precaução a sociedade civil e os representantes políticos devem conhecer mais o assunto e promover audiências públicas. Ivo criticou o governo federal e também estadual pela falta de transparência na implantação dos projetos relacionados ao xisto no Paraná. Em dezembro de 2013 foi realizado na sede da ANP (Agência Nacional de Petróleo) no Rio de Janeiro o leilão que contemplava sete bacias sedimentares em 12 estados (Amazonas, Acre, Tocantins, Alagoas, Sergipe, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão, Paraná e São Paulo). Para a exploração no Paraná, dois grupos saíram vencedores, o consórcio formado pela empresa Petra, Copel, Baya e a construtora Tucuman e também a Petrobras.

O xisto betuminoso (também conhecido como folhelho ou xisto argiloso) é uma fonte de combustível. Quando submetido a altas temperaturas, produz um óleo de composição semelhante à do petróleo do qual se extrai nafta, óleo combustível, gás liquefeito, óleo diesel e gasolina. Estados Unidos, Brasil, China e Argentina são os países com as maiores reservas mundiais de Xisto. Nos EUA a exploração está em franca expansão, apoiada no uso da técnica chamada de fracking, na qual ocorre o fraturamento hidráulico da rocha, processo de injeção de toneladas de água sobre alta pressão para o qual é necessário uma grande quantidade também de areia e produtos químicos.

Dentre os problemas relacionados ao uso do fracking citados por Ivo Pugnaloni está a falta de competência da Agência Nacional de Petróleo para regular os processos de extração de hidrocarbonetos. Segundo ele, o fracking é um processo industrial em ambiente não controlado e não um mero processo de extração.

Outra questão é o desconhecimento da fórmula usada na composição do líquido do fracking, que pelas leis americanas não precisa ser divulgada para garantir o direito às patentes. Além de 30 milhões de litros de água usados por poço, estão presentes no líquido compostos químicos como manganês, glicol, bário e arsênico. Ao todo, seriam 609 produtos químicos utilizados no processo. Quando a água, misturada com areia e produtos químicos, volta à superfície, ela é armazenada em depósitos de lona, que possibilitam a contaminação do solo.

Além disso, somente 25% a 50% do metano é retirado pela tubulação, o restante pode escapar de baixo para cima, contaminando lençóis de água no caminho de volta à superfície. A contaminação do Aquífero Guarani, considerado o maior do mundo, é um risco concreto, e seria sem dúvida uma catástrofe ecológica de impacto internacional, tendo em vista que o aquífero está a apenas alguns metros da rocha da qual é explorada o shale gas.

Representantes da Acamop e vereadores da região querem ações mais efetivas no combate ao fracking, com relatórios de impacto sistematizando benefícios e malefícios para a região. Já o vereador Nei Haveroth, representante da Comissão de Meio Ambiente, acredita ser preciso “conhecimento sobre o assunto, claro e coerente, embasamento cientifico, para entendermos o que está para acontecer em nossa região”.

No dia 04 de junho, o juiz federal Leonardo Cacau Santos La Bradbury, de Cascavel, suspendeu os efeitos da 12ª rodada de licitações promovidas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Os contratos já assinados pelas empresas vencedoras para explorar gás de xisto no Paraná também foram temporariamente suspensos com a justificativa que sejam mais bem avaliados os riscos ambientais e à saúde envolvidos no processo.

Assessoria de Imprensa/CMC