Após receber elogios de todos os grupos políticos representados na Casa, o Projeto de Decreto Legislativo 03/2014, que outorga o título de cidadã honorária de Cascavel à Irmã Silvana Ferri foi aprovado pela totalidade do voto dos vereadores presentes.
Assinaram a proposição os vereadores Jorge Bocasanta, João Paulo, Luiz Frare, Jaime Vasatta, Celso Dal Molin, Robertinho Magalhães, Vanderlei da Silva, Ganso sem Limite, Pedro Martendal, Fernando Winter, Walmir Severgnini, Aldonir Cabral e Nei Haveroth.
Para Bocasanta, responsável pela iniciativa, a religiosa merece ter seu trabalho reconhecido especialmente por trabalhar incansavelmente pelos mais necessitados e liderar a educação exemplar oferecida na Acas (Associacao Cascavelense de Amigos de Surdos). O vereador explicou “quando conheci a escola da Acas, fiquei admirado. A educação oferecida ali é de muita qualidade e atende não apenas os surdos-mudos da nossa cidade, mas também pessoas vindas de várias cidades da região”. Os vereadores Pedro Martendal e Fernando Winter destacaram a necessidade da comunidade colaborar com a entidade, que passa constantemente por problemas financeiros “a Acas é uma instituição sério, para a qual as pessoas podem contribuir com tranquilidade, pois conhecemos o trabalho da Irmã Silvana”, ressaltou Martendal.
Irmã Silvana Ferri
A religiosa tem hoje 65 anos de idade, dos quais 28 passados na Itália, onde se formou na vida religiosa, no magistério, com especialização em educação especial e no curso de pedagogia. Silvana passou 14 anos em Londrina, onde atuou como professora e diretora-técnica do Instituto Londrinense de Educação de Surdos e outros 23 anos em Cascavel, trabalhando na ACAS, na pastoral, na defesa e garantia de direitos dos surdos.
Neste período concluiu três pós-graduações, em Educação Especial, master de língua italiana, ofertado pela Universidade de Veneza e Formação Humana. Silvana conta que sendo caçula de 12 irmãos, dos quais duas são religiosas, conheceu desde pequena a realidade das pessoas que não ouvem, e na adolescência percebeu o chamado divino para seguir essa vocação. Com 20 anos fez sua profissão religiosa na Congregação das Irmãs da Pequena Missão para Surdos. Nesta mesma idade, tomou conhecimento do Brasil através de uma revista que tratava do assunto. Pouco habitual para a época, Irmã Silvana conseguiu realizar sua missão além-fronteiras e chegou ao Brasil em 1976. Para ela, sua vocação é árdua, mas sempre reconfortante, pois ajudar aqueles que estão à margem da sociedade é tentar imitar Jesus, que passou pelo mundo fazendo o bem.
Acas
A educação de Surdos iniciou em Cascavel com um movimento impulsionado pela Escola Épheta de Curitiba, que deslocou um grupo de profissionais para auxiliar na organização dos pais de Cascavel. Assim, em 11 de novembro de 1975, foi criada a Associação Cascavelense de Amigos de Surdos (ACAS). Em 1976 começou a funcionar a primeira classe especial no Colégio Estadual Washington Luiz, ali permanecendo até 1978. Com o trabalho de divulgação realizado pelas mães e professoras, houve aumento da demanda e decorrente necessidade de maior número de salas.
Igreja Presbiteriana cedeu então uma casa em comodato. A partir de 1985, o Centro foi integrado pelas Irmãs da Pequena Missão para Surdos, as quais, junto com a ACAS, os pais e a comunidade local, através de convênios com órgãos governamentais, doações de entidades da Itália e da Alemanha, construíram o prédio próprio.
A organização da escola passou por diversas etapas: A criação do Centro de Reabilitação "Tia Amélia" que se deu em 24/10/1977. A fundação foi baseada nos modelos da época, isto é, filosofia oralista e clínica, pela qual se acreditava na possibilidade de reabilitação plena da fala e no treinamento da audição de todas as crianças surdas, tornando-as aptas para frequentar a escola regular junto com as crianças ouvintes. Com o passar dos anos e a constatação do insucesso escolar, principalmente dos surdos profundos, ou com algum comprometimento associado, foi pedida ao Estado autorização de funcionamento do ensino das quatro primeiras séries do Ensino Fundamental; este fato alterou o nome do Estabelecimento para Escola do Centro de Reabilitação "Amélia", através da Resolução 901/91, com início no ano letivo de 1991.
Houve aumento na demanda e também avanço no aprendizado dos surdos; porém persistiu o problema de 5ª a 8ª séries: os alunos iam para as escolas regulares e, por falta de estrutura adequada, acabavam desistindo. Em razão dos motivos apresentados, a ACAS novamente solicitou autorização de funcionamento para o ensino das quatro séries finais do Ensino Fundamental, que teve o consentimento do Estado, para funcionar a partir do ano letivo de 1999.
Assessoria de Imprensa, com informações da Acas