Em 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea, era abolida a escravatura e o Estado Brasileiro deixava de reconhecer o direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra. Em virtude da data, o vereador Paulo Porto (PCdoB) apresentou nesta segunda-feira (13) na Câmara de Cascavel números que ilustram a atual situação dos negros no Brasil.
Passados 125 anos da abolição, a realidade mostra ainda o alto grau de desigualdade étnico-racial no Brasil. “Essa é uma data que não é comemorativa, que é lembrada pelo movimento negro como uma data de reflexão e discussão de políticas públicas voltadas à população negra. Esse é um assunto que ainda não é discutido a fundo, com seriedade, seja por preconceito, ignorância ou má-fé”, falou Porto.
Para somar-se a argumentação, Porto apresentou números que apontam para esse cenário de desigualdade, em especial no que diz respeito a taxa de analfabetismo, do rendimento médio da população, acesso ao ensino superior e índices de violência, que tem na população negra sua vítima principal.
Os números apresentados apontam que os negros representam apenas 20% dos brasileiros que ganham mais de 10 salários mínimos. Ainda em relação ao mercado de trabalho, a taxa de desemprego entre os negros é de 12,2%, enquanto entre os brancos esse número cai para 9,6%.
Os dados relativos ao analfabetismo também foram destacados. “Essa é uma praga ao qual ainda não conseguimos erradicar, mas que entre os negros representa 14,4% de sua população, enquanto entre os brancos o analfabetismo é 5,9%”, citou Porto.
A desigualdade também é retratada no acesso ao ensino superior. “Os brancos representam cerca de 70% da população que frequenta as universidades, enquanto os negros apenas 30%”, falou. Já em relação aos brasileiros que chegam a fazer pós-graduação esse número cai para 20%.
Violência
Outro dado agravante é relativo à violência. Segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos e Especial de Promoção da Igualdade Racial, 70,6% das vítimas de homicídios no país são negras, em especial, jovens do sexo masculino com idade entre 15 e 24 anos. “No Brasil se matam três vezes mais negros do que brancos”, ressaltou Porto.
Para o parlamentar, passados 125 anos da assinatura da Lei Áurea, ainda existem resquícios visíveis de nossa fase escravocrata. “O Brasil foi último país do mundo a abolir a escravidão. Tivemos 400 anos de escravidão e somente 125 de abolição, portanto ainda há resquícios claros, seja em nossa formação político-social, seja no imaginário do brasileiro que ainda é muito escravocrata”, destacou.
Indígenas
Aproveitando a discussão sobre minorias étnicas, Porto também fez menção a revista Ventura, publicação do município de Guaíra que está em sua segunda edição. “Gostaria de fazer uma citação sobre algo que está sendo cada vez mais raro; uma reportagem jornalística isenta, com espaço para o contraditório e com dados reais sobre o que está acontecendo em Guaíra”, falou.
Para o vereador, há muita desinformação sobre os episódios em Guaíra. “É um material fundamentado, sem radicalismo de parte A ou B. Uma reportagem inteligente e racional que tomei a liberdade que tirar cópias e repassar aos demais vereadores”, disse Porto, concluindo seu pronunciamento com uma frase do escritor Millor Fernandes. “Millor diz que ‘um bom debate as vezes não traz a luz mas acaba com muitas ideias burras’. Neste sentido, esse periódico de Guaíra busca contrapor uma série de discursos fantasiosos e desinformação”.
Júlio Carignano | Assessoria de Imprensa | Paulo Porto
LEGENDA:
Vereador Paulo Porto (PCdoB)
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