A greve dos coletores de lixo em Cascavel esteve em pauta na sessão desta segunda-feira (17) na Câmara Municipal. Em pronunciamento na tribuna da Casa de Leis, o vereador Paulo Porto (PCdoB) declarou seu apoio aos trabalhadores que decidiram paralisar as atividades na última sexta-feira (14) por reajuste salarial, plano de saúde e melhores condições de trabalho.
Porto apresentou dois requerimentos que serão votados nesta terça-feira (18); um deles solicitando a prefeitura cópia de todos os aditivos contratuais vigentes firmados pelo município com a O.T Ambiental/Engelétrica, empresa responsável pelo serviço, e outro para a própria empresa pedindo a cópia de planilha demonstrando o valor mensal recebido pelo município, custos com pessoal, administrativo, frota e outros que compõe a tabela de despesas da empresa, bem como informações sobre o lucro líquido mensal e a capacidade de reajuste a ser concedido aos trabalhadores.
Convocada pelo Siemaco (Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio, Conservação, Limpeza Urbana e Ambiental de Cascavel, a paralisação é por tempo indeterminado. Dos cerca de 350 trabalhadores da empresa, 30% permanecem em atividade, mantendo o índice previsto pela legislação. As equipes de varredores não aderiram à greve.
O piso salarial dos varredores, coletores e serviços gerais em Cascavel é de R$ 844,67, R$ 120,00 por assiduidade e R$ 271,20 de insalubridade. Já os trabalhadores da equipe padrão (operadores de máquina, equipes de corte de lotes e podas de árvore) recebem R$ 1.051,29, mas sem adicional assiduidade. Ambas as categorias recebem atualmente R$ 273,00 de vale-alimentação. Os coletores pedem um reajuste de 20%, plano de saúde sem descontos nos salários e vale alimentação de R$ 300.
Para Paulo Porto, é função do poder legislativo acompanhar o andamento da greve. "Nosso mandato tem lado, de caráter classista, posicionado junto às bandeiras da classe trabalhadora. Declaramos apoio e nos colocamos à disposição da categoria, pois é papel desta Casa [Câmara] acompanhar de perto essa greve, pois trata-se de uma empresa que ganhou um processo de licitação milionário, que recebe constantes aditivos para prestar um serviço público”, disse.
O vereador falou sobre as condições que os trabalhadores estão expostos. "Segundo informações de alguns funcionários, a empresa não estaria fazendo CAT [Comunicação de Acidente de trabalho] em várias ocasiões, o que estaria causando descontos dos dias parados dos trabalhadores mesmo mediante apresentação de atestados". Porto recordou da recente greve dos garis do Rio de Janeiro. "Ainda que essa greve não tenha a mesma repercussão, ela é tão justa e legítima como a paralisação dos trabalhadores do Rio de Janeiro, que conseguiram vitória nas suas reivindicações por meio da luta do sindicato e união da categoria", lembrou.
Segundo a secretária-geral do Siemaco, Ângela Maria de Oliveira, a Engelétrica Ambiental permanece irredutível, oferecendo 9,5% de reajuste salarial. "Nossas reivindicações vêm de encontro a desvalorização da moeda, pois nosso piso é muito baixo e não lutamos só pra comer, mas também pela qualidade de vida dos funcionários”. A dirigente também denuncia que a empresa tem desrespeitado cláusulas previstas na convenção coletiva da categoria.
Julio Carignano/ Assessoria de Imprensa/Paulo Porto