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Porto destaca posição da CNBB e Conic sobre impeachment

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e o Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil) se posicionaram de forma contrária sobre a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). O posicionamento das entidades foi destacado pelo vereador Paulo Porto (PCdoB) durante a sessão desta segunda-feira (7/12) na Câmara de Cascavel.
Porto leu em plenário a nota das entidades que saem em defesa da democracia brasileira e questionam as motivações que levaram o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a autorizar a abertura do processo de impedimento.
Manifestando imensa apreensão, a Comissão Brasileira Justiça e Paz, da CNBB, diz que a atitude de Cunha "carece de subsídios que regulem a matéria" e que a sociedade está sendo levada a crer que "há no contexto motivação de ordem estritamente embasada no exercício da política voltada para interesses contrários ao bem comum". Para a CNBB, Cunha agiu por interesse pessoal.
"O impedimento de um presidente da República ameaça ditames democráticos, conquistados a duras penas. Que autoridade moral fundamenta uma decisão capaz de agravar a situação nacional com consequências imprevisíveis para a vida do povo? (...) É preciso caminhar no sentido da união nacional, sem quaisquer partidarismos, a fim de que possamos construir um desenvolvimento justo e sustentável", acrescenta a nota da CNBB.

"ARGUMENTOS FRÁGEIS"

O Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil), composto pelas igrejas Evangélica de Confissão Luterana, Episcopal Anglicana do Brasil, Metodista e Católica, também divulgou nota em que diz que o presidente da Câmara Federal se baseou em argumentos frágeis ao abrir o processo de impeachment da presidente Dilma. No documento, o Conic sustenta que o "processo não tem legitimidade e que o afastamento de Dilma nos conduziria para situações caóticas".

"Vemos com muita preocupação que o presidente da Câmara tenha acolhido um pedido de impeachment com argumentos frágeis, ambíguos e sem a devida sustentação fática para acusação de crime de responsabilidade contra a presidente da República", diz o pronunciamento. "Perguntamos quais seriam as consequências para a democracia brasileira diante de um processo de deposição de um governo eleito democraticamente em um processo sem a devida fundamentação", completa.

Após a leitura das notas das entidades, Paulo Porto destacou a falta idoneidade moral e legitimidade ética do presidente da Câmara diante da série de denúncias e das comprovações dos ilícitos práticos pelo deputado. "Vivemos tempos sombrios em que um achacador coloca em risco toda uma República. Que outras entidades e os colegas deste plenário não se seduzam com esses discursos oportunistas e golpistas", citou Porto. As palavras do vereador do PCdoB foram referendadas pelo colega Paulino Pereira da Luz (PT) em plenário, que também repudiou o que chamou de "tentativa de golpe à democracia".
(Julio Carignano – da assessoria do vereador Paulo Porto)