As prioridades da prefeitura foram alvo de críticas no retorno das sessões legislativas após o recesso parlamentar na Câmara de Cascavel. O vereador Paulo Porto (PCdoB) fez uso da tribuna nesta segunda-feira (05) para criticar a desistência do município em sediar a fase final dos JAPS (Jogos Abertos do Paraná) sob o argumento do “município ter outras prioridades e não ter recursos para a organização do evento”.
Porto questionou se a administração não tinha conhecimento dos gastos e do sucateamento das praças esportivas do município ao assumir o compromisso de organizar os jogos junto aos atletas e a Secretaria de Esportes do Paraná. “Essa desistência eu entenderia que tivesse vindo dos candidatos que foram derrotados nas urnas, mas não entendo esse recuo vindo do prefeito Edgar Bueno, pois foi um compromisso assumido por essa administração desde o ano passado”.
O vereador falou do sucateamento dos equipamentos públicos, citando o Complexo Esportivo Ciro Nardi, os ginásios Francisco Pian (São Cristóvão) e Odilon Reinhart (Neva) e o estádio Ninho da Cobra que, segundo fontes municipais, teriam que passar por reformas na ordem de aproximadamente R$ 450 mil. “Se esses espaços encontram-se sucateados é devido a incompetência da gestão anterior, uma gestão de continuidade. Esse é um caso raro do governo jogar a culpa no próprio governo”, citou.
O parlamentar defendeu a realização dos jogos e fez um comparativo com os gastos no autódromo e na realização da Fórmula Truck. “Entendemos a importância dessa competição automobilística, mas não se pode aceitar que seja gasto cerca de R$ 2 milhões em um esporte que atinge um público infinitamente mais elitizado e inferior do que o JAPS. Ou seja, foram investidos quatro vezes mais do que se investiria na revitalização dessas praças esportivas citadas. Os Jogos Abertos trariam para Cascavel centenas de atletas de todo Paraná em um grande encontro esportivo”.
Porto destaca que o poder público deve investir no esporte de base, enquanto formação. “O investimento em praças esportivas fica para a cidade, atinge uma grande parcela da população, são políticas públicas que atinge a classe trabalhadora, não é um investimento para apenas um evento de determinada classe, para um esporte elitista, caro e para pouca gente. Acreditamos que a propriedade do poder público deve ser o alcance coletivo e popular. Será que o Executivo entende esporte somente como competição?”, indagou.
Para terminar, o legislador rechaçou a contradição no discurso do Executivo ao falar sobre as prioridades do governo. “Realmente essa escolha de investimento é uma questão de prioridade, de perspectiva com viés de classe, porém não venham com o discurso sobre investimento em saúde e educação em um município que fecha as UBSs [Unidades Básicas de Saúde], que tem a tragédia de pessoas morrendo nas filas a espera de atendimento e que sequer atende as reivindicações dos professores e educadores”, concluiu.
Por Júlio Carignano | Assessoria de Imprensa | CMC
Legenda: Vereador Paulo Porto
Foto: Flávio Ulsenheimer