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Vereadores debatem pauta indígena com Itaipu

A questão indígena no Oeste do Paraná foi o tema de encerramento nesta sexta-feira (18/9) do Seminário ‘Os Vereadores e o Desenvolvimento’, organizado pela Associação de Câmaras de Vereadores do Oeste do Paraná (Acamop). O superintendente de Meio Ambiente da Itaipu Binacional, Jair Kotz, ministrou palestra e apresentou algumas alternativas que possam contribuir para resolução da questão envolvendo a ocupação territorial na região.

Kotz iniciou sua fala trazendo um histórico da colonização no Oeste do Estado e de como se formou a estrutura fundiária da região. Ele contextualizou que à época, em pleno regime militar, o estado brasileiro optou pela não demarcação de terras indígenas. "Não foi feita nenhuma reserva indígena, o governo brasileiro adotou a estratégia de retirada dos índios durante a colonização, pois estávamos em regime militar. Havia a determinação de não fazer assentamentos em área de fronteira, que é o caso dessa região. Foi uma opção que reflete hoje. Se tivéssemos feito isso não teríamos todo esse problema hoje".

Para o superintendente do Itaipu, as demarcações de terras tradicionais são inevitáveis, especialmente em Guaíra, porém esclareceu que há muita desinformação relativa ao tamanho de áreas e que não acontecerão processos de indenizações de proprietários. "Não acontecerão desapropriações, mas sim negociações de áreas e proprietários serão indenizados. Em relação ao tamanho de territorial tudo não passa de especulações". Kotz refere-se aos 11 mil hectares, informação veiculada por parte da imprensa, sem fontes e baseada em suposições de um possível relatório da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

Jair Kotz apresentou o posicionamento da Itaipu de defesa de propriedade, mas buscando uma saída pacífica para a situação, que segundo ele, passará pela aquisição de áreas, formação de parcerias, indenizações de proprietários e a criação de um comitê multilateral para debater essa situação.

Alguns parlamentares apresentaram descontentamento relativo a falta de informação clara sobre o assunto em um cenário que o direito a propriedade não seria respeitado. "Muitos tem interesse político em tudo isso, nesse conflito. A Itaipu deveria cobrar dos deputados da região que não viessem aos seus municípios trazer terror a comunidade. Acho que esse evento nos trouxe as claras algumas questões que estávamos sendo mau informados", apontou Solange Schlidnvein (PP), vereadora de Entre Rios do Oeste.

Paulo Porto, indigenista e vereador do PCdoB em Cascavel, também citou que o momento é de buscar uma saída sem conflitos e que é preciso combater o discurso de ódio propagado por setores políticos e algumas entidades de classe. "Neste sentido parabenizo a Itaipu pelo seu posicionamento e a Acamop por ter trazido esse debate para Foz do Iguaçu, um território ‘neutro’. Me preocupa quando políticos, como o deputado Sergio Souza, levam um debate desse para Guaíra, onde temos um problema, o que somente acirra esse conflito. Quando desinformam, especulam sobre tamanhos de área e falam bobagens sobre Ongs internacionais. Neste momento é preciso cuidado os pescadores de águas turvas, que nada contribuem para o debate de uma busca pacifica para essa situação".

Porto fez questão de citar que a situação no Paraná, em especial em Guaíra, é diferente do cenário que temos visto no Mato Grosso do Sul, onde acontece um verdadeiro genocídio do povo Guarani Kaiowá. "Em Mato Grosso são latifundiários grileiros, que não tem título de propriedade, assassinos que diariamente estão cometendo atentados contra os Kaiowa. Aqui temos duas vítimas, os indígenas e os pequenos proprietários de boa fé. Não podemos jogar um contra o outro", conclui o vereador.


Júlio Carignano/ Assessoria de Imprensa/ Paulo Porto