Cascavel (11 de setembro) - Os vereadores Paulo Porto (PCdoB) e Gugu Bueno (PR) estiveram nesta quarta-feira (11) na Escola Zumbi dos Palmares, no Assentamento Valmir Mota, que atende cerca de 300 alunos do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Eles foram recepcionados com uma mística, que constitui-se em uma prática pedagógica e educativa dos movimentos de luta pela terra, além serem entrevistados em uma "coletiva" organizada pelos sem-terrinha.
A visita teve o intuito de uma apresentação de demandas dos educadores relativas à escola que passou a fazer parte da Rede Municipal de Ensino por meio do Decreto 11.167, de março deste ano. Com o seu reconhecimento, a escola até então "itinerante" passou a se chamar Escola Municipal do Campo Zumbi dos Palmares, obrigando o município a atender as necessidades da escola.
O local está passando por uma reorganização e questões referentes à estrutura física, de material e pessoal foram encaminhadas aos vereadores. Entre as principais demandas, a construção de banheiros, recebimento de materiais escolares e esportivos, construção de uma cancha de areia e energia elétrica nas salas de aula. "Há o projeto para construção da escola definitiva e a criação da escola estadual, porém até serem feitos todos os trâmites, a realidade atual é de precariedade", expôs o diretor da escola, Gilson Gonçalves.
O vereador Gugu Bueno, que não conhecia a estrutura da escola, ficou impressionado com o esforço dos educadores e a disciplina dos alunos sem-terinha. "Fiquei emocionado com a receptividade e com a luta de educandos e educadores. Infelizmente somos muito mal informados sobre o que acontece por aqui, pois há muita informação tendenciosa sobre o MST". Líder do governo na Câmara, Bueno afirmou que o movimento passa a contar com um aliado, se colocando à disposição para ser um interlocutor junto ao Executivo.
Paulo Porto destacou o compromisso de seu mandato junto aos assentados da reforma agrária. "A luta pela terra e dos camponeses da agricultura familiar é uma de nossas bandeiras, assim como a educação do campo". Professor da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), o vereador ressaltou que a experiência do Valmir Mota é uma das vários exemplos do projeto educacional do MST voltado à humanização enquanto proposta pedagógica.
Histórico
O reconhecimento da Escola Zumbi dos Palmares foi um processo de 10 anos ininterruptos de luta dos assentados da reforma agrária. Inicialmente, os sem-terra construíram a escola do jeito que era possível, ou seja, com lona preta. Como as escolas da cidade não tinham vagas o suficiente para atender todas as crianças e jovens do acampamento, as famílias viram a necessidade de montar seu próprio centro de estudo. Começou atendendo os anos iniciais e, um ano depois, em 2004, a escola acompanhou as famílias para outro acampamento que ficava na mesma fazenda. Sem salas de aulas adequadas, o jeito era ter classe no meio dos campos de aveia.
No ano de 2010, 83 famílias foram assentadas numa parte da fazenda Cajati, constituindo o assentamento Valmir Mota de Oliveira. Com isso a Escola Itinerante Zumbi dos Palmares, passa também a fazer parte dessa nova realidade, ao atender desde a Educação Infantil ao Ensino Fundamental e Médio. Hoje a escola conta com aproximadamente 300 educandos, entre os anos iniciais e finais.
Julio Carignano/ Assessoria de Imprensa/Paulo Porto
Legenda: Vereadores foram entrevistados pelos sem-terrinha
Foto: Júlio Carignano
