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Agrotóxicos: Especialista aponta necessidade de fiscalização

A médica Lilimar Mori, servidora responsável pelo monitoramento e mapeamento dos casos de contaminações por agrotóxicos na 10ª Regional de Saúde, esteve nesta segunda-feira (18) na Câmara de Cascavel. Ela foi convidada pelo vereador Paulo Porto (PCdoB) para falar dos altos índices de contaminações crônicas da aplicação do veneno no município.

Segundo dados da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), a região de Cascavel é que mais consome agrotóxicos no Paraná. Levantamento feito entre os anos de 2014 e 2015 apontou que o município consumiu 5.107,46 toneladas no período, seguido da região de Ponta Grossa com 3.526,73 toneladas e de Toledo com 3.336,95 toneladas. Enquanto a média de intoxicações no Paraná é de sete pessoas por 100 mil habitantes, na área da bacia do Paraná 2 – que representa o Oeste do Paraná - o índice chega a 53,5 por 100 mil.

A médica explicou que cabe a 10ª Regional notificar e investigar os casos – sejam de intoxicações agudas ou crônicas. A maior parte das notificações, segundo a especialista, é de intoxicação por herbicida e inseticida, seguido da pulverização área, diluição e tratamento de sementes. Lilimar trouxe números sobre óbitos por intoxicação, sendo cinco destas mortes na região de abrangência da 10ª Regional.

Sobre os problemas de saúde detectados estão problemas neurológicos, respiratórios, distúrbios endócrinos, malformação congênita, diminuição de força motora, casos de depressão, esquecimento, além de incidência de tentativas de suicídio e cânceres. “Essas substâncias chegam pelo solo, água, alimentos e pelo vento”, comentou Lilimar, apontando que mesmo que ingredientes ativos dos agrotóxicos, por seus efeitos agudos, possam ser classificados como “medianamente ou pouco tóxicos”, não se pode perder de vista os efeitos crônicos que podem ocorrer em meses, anos ou até décadas após a exposição.

Além das notificações de causas ignoradas de intoxicação existem situações que sequer chegam ao conhecimento da 10ª Regional de Saúde. “Esses dados que trago são os oficiais, mas não temos ideia do que entra clandestinamente”, disse a especialista, acrescentando que dos 50 agrotóxicos proibidos no mundo, 23 ainda são utilizados clandestinamente no Brasil.

Lilimar Mori pediu o auxílio dos poderes Legislativo e Executivo no trabalho de fiscalização e criação de marcos reguladores. “Trazer o tema à Câmara de Vereadores é importante. Ainda que gere polêmica temos que caminhar para uma questão de equilíbrio. O ideal seria que todos pudessem comprar orgânicos, mas como não é possível devemos buscar o equilíbrio”, afirmou.

Autor da lei que proíbe o uso de agrotóxicos perto de escolas, CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil), unidades de saúde e núcleos residenciais rurais em Cascavel, Paulo Porto classificou a explanação e os números apresentados pela médica como “assustadores”. “Tudo indica que existe uma estreita relação entre doenças como o câncer e a utilização de agrotóxicos, porém, ainda que seja quase que óbvio, ainda necessitamos de estudos que trabalhem não a contaminação aguda, de fácil identificação, mas também a contaminação crônica, aquela do dia a dia, do envenenamento roteiro e silencioso”.

Assessoria de Imprensa/ Vereador Paulo Porto