Os debates sobre a exploração do gás xisto pelo método de faturamento hidráulico, o fracking, serão retomados pela Câmara de Vereadores de Cascavel. A Comissão de Agricultura e Meio Ambiente convoca para a próxima quinta-feira (21), às 19h, uma audiência pública para reunir população, órgãos públicos e entidades organizadas para que se posicionem sobre a polêmica fonte de energia.
O vereador Jaime Vasatta, que é o presidente da Comissão, explica que a audiência pública será uma sequência dos debates que já ocorreram em junho em um Fórum realizado na Câmara Municipal. “Foi realizado o Fórum, mas houve continuidade da conversa com pessoas de diversos segmentos que querem discutir esse assunto mais profundamente e por isso nós da Comissão de Agricultura e Meio Ambiente achamos ideal convocar uma audiência pública”.
O relator da Comissão, vereador Nei Haveroth, detalha que o propósito dessa audiência pública é definir um posicionamento sobre o fracking. “Em conjunto com os segmentos interessados e toda a população, queremos aprofundar o assunto e definir um posicionamento de nosso Município sobre a extração de xisto. A União suspendeu temporariamente a exploração de xisto, mas se isso voltar à tona teremos de ter um entendimento se isso vai ajudar ou prejudicar a região”.
A audiência pública é aberta a toda população e para expor os posicionamentos, foram convidados representantes de diversas entidades e órgãos públicos. Dentre as autoridades já confirmadas estão o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Juliano Murbach; o secretário de Meio Ambiente, Paulo Carlesso; o secretário de Agricultura, Luiz Carlos Marcon; o vice-presidente da Acamop, Edson Alves; o presidente do Sindicato Rural Patronal, Paulo Roberto Orso; o presidente do Comder, Valmor Pietsch; o presidente do Comam, João Becker; o especialista em energias renováveis, Ivo Pugnaloni; o representante da Compagás, Luciano Pizzatto e a professora de Direito Ambiental, Liliam Radunz.
A exploração do gás de xisto
O xisto betuminoso (também conhecido como folhelho ou xisto argiloso) é uma fonte de combustível. Quando submetido a altas temperaturas, produz um óleo de composição semelhante à do petróleo do qual se extrai nafta, óleo combustível, gás liquefeito, óleo diesel e gasolina. Estados Unidos, Brasil, China e Argentina são os países com as maiores reservas mundiais de xisto. Nos EUA a exploração está em franca expansão, apoiada no uso da técnica chamada de fracking, na qual ocorre o fraturamento hidráulico da rocha, processo de injeção de toneladas de água sobre alta pressão para o qual é necessária uma grande quantidade também de areia e produtos químicos.
Dentre os problemas relacionados ao uso do fracking citados por especialistas está a falta de competência da Agência Nacional de Petróleo para regular os processos de extração de hidrocarbonetos.
Outra questão é o desconhecimento da fórmula usada na composição do líquido do fracking, que pelas leis americanas não precisa ser divulgada para garantir o direito às patentes. Além de 30 milhões de litros de água usados por poço, estão presentes no líquido compostos químicos como manganês, glicol, bário e arsênico. Ao todo, seriam 609 produtos químicos utilizados no processo. Quando a água, misturada com areia e produtos químicos, volta à superfície, ela é armazenada em depósitos de lona, que possibilitam a contaminação do solo.
Além disso, somente 25% a 50% do metano é retirado pela tubulação, o restante pode escapar de baixo para cima, contaminando lençóis de água no caminho de volta à superfície. A contaminação do Aquífero Guarani, considerado o maior do mundo, é um risco concreto, e poderia vir a ser uma catástrofe ecológica de impacto internacional.
No dia 04 de junho, o juiz federal Leonardo Cacau Santos La Bradbury, de Cascavel, suspendeu os efeitos da 12ª rodada de licitações promovidas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Os contratos já assinados pelas empresas vencedoras para explorar gás de xisto no Paraná também foram temporariamente suspensos com a justificativa que sejam mais bem avaliados os riscos ambientais e à saúde envolvidos no processo.
Assessoria de Imprensa/CMC