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Haitianos discutiram organização, inserção e busca de direitos

Cerca de 85 haitianos participaram neste domingo (13/04) do 1º Encontro de Imigrantes Haitianos de Cascavel. O evento, organizado pelo mandato do vereador Paulo Porto (PCdoB) em conjunto com a Igreja Episcopal Anglicana e a Pró-reitoria de Extensão da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), teve o objetivo de discutir a organização e o exercício de cidadania plena destes imigrantes.

Os caribenhos iniciaram encaminhamentos para a criação de uma Associação de Defesa da População Haitiana de Cascavel com o objetivo de preservação a cultura e melhorar o relacionamento com os cascavelenses. Outra intenção dos imigrantes é preparar o evento do Dia da Bandeira Haitiana, a ser realizado em 18 de maio.

Para Paulo Porto, a reunião marca o início da organização desta comunidade na busca de seus direitos e de sua inserção na sociedade de Cascavel. “Nosso mandato se solidariza com os trabalhadores haitianos e se coloca disposição de contribuir na construção de uma associação que os represente e garante a sua inserção com dignidade na sociedade brasileira e em Cascavel”.
Uma das preocupações do vereador é para questão da legalização destes imigrantes. “A questão da documentação é um problema que temos que encarar, uma vez que isso influencia na questão da sustentabilidade destes povos, na colocação no mercado de trabalho”. Estima-se que em Cascavel encontram-se cerca de 1,5 mil haitianos, porém somente um terço deles estejam legalizados.

Os haitianos têm encontrado empregos na região Oeste, especialmente em frigoríficos e na construção civil, porém Porto alerta para o preconceito em relação aos caribenhos. “Além das questões legais, há o obstáculo do idioma e da discriminação”, disse o vereador, lembrando que a desinformação é um dos grandes responsáveis do preconceito que esses imigrantes sofrem.

O reverendo Luiz Carlos Gabas, da Paróquia Anglicana, destaca a função social da igreja. “A igreja não pode se furtar de uma de suas principais funções que é compromisso com os direitos humanos. Temos essa preocupação da proteção e do acolhimento dessas pessoas que vem de outros países que vem à Cascavel em busca de um recomeço”, ressalta o religioso.

O fluxo migratório de haitianos para o Brasil tem crescido a cada dia. Eles deixaram a nação que ainda vive os efeitos da devastação do terreno de 2010 que matou mais de 300 mil pessoas no país caribenho. Um dos idealizadores da associação é o haitiano Marcelin Geffrard. “Encontramos dificuldades quando procuramos empregos, quando vamos procurar alugar uma casa ou um apartamento e quando temos que deixar nossos filhos nas creches”, comenta.

Durante o encontro também foram realizadas atividades de saúde por parte da Pró-reitoria da extensão da Unioeste, como medição de pressão arterial, diabetes, exames bucal, prevenção de câncer de mama e orientações sobre DST (doenças sexualmente transmissíveis), em parceria com o CEDIP, além de uma tarde cultural, com danças e cantos tradicionais do país caribenho.

Assessoria de Imprensa/Paulo Porto