No retorno do período de sessões na Câmara de Cascavel, após o recesso parlamentar, o vereador Paulo Porto (PCdoB) fez um pronunciamento nesta segunda-feira (1º) sobre as prioridades da administração municipal em relação a políticas públicas para o esporte. Porto fez apontamentos sobre o fim do convênio entre a Prefeitura e a Fundeavel (Fundação de Esportes Amador de Cascavel).
Em maio, a fundação foi extinta por sentença da 4ª Vara da Fazenda Pública, por não possuir patrimônio e ter as contas desaprovadas. A Fundeavel era responsável por analisar projetos de 22 modalidades do município e autorizar o pagamento mensal de subsídios. Após a extinção, oito modalidades acabaram sendo alocadas pela Associação Cascavelense de Esportistas Amadores. Outras 14 modalidades estão comprometidas no município, com pouca ou nenhuma assistência do poder público.
Para Porto, o município deveria ter um plano de contingência diante da iminente ameaça de extinção do convênio. “Governar é eleger prioridades e quando se elegem más prioridades se governa mal. Ainda que a extinção fosse esperada, uma vez que a ação pública tramitava desde 2012, não se esperava que a prefeitura não tivesse nenhum plano B, nenhuma contingência ou rede de segurança diante dessa possibilidade”, disse Porto.
Uma das modalidades comprometidas é o boxe, citada pelo vereador por meio do exemplo do projeto desenvolvido desde 2007 pelo desportista Rubens San Perruchon. “O mestre San trouxe para Cascavel a excelência do boxe, inclusive nos premiou com uma campeã brasileira, a atleta Alessandra Gonçalves, a Mãe de família, ambos homenageados por essa Casa de Leis. E pasmem, há algumas semanas, este lindo projeto não existe mais no município”.
PRIORIDADE
Porto apresentou um requerimento questionando o remanejamento de R$ 3,5 milhões para a reforma do autódromo. A resposta do requerimento, por meio do Ofício 94/2016, explicita as prioridades da prefeitura quando o assunto é esporte. “Nosso mandato levantou que para manter as 14 modalidades funcionando plenamente o município gastaria cerca de R$ 1 milhão por ano. Enquanto isso, uma nova reforma do autódromo, no valor de R$ 3,5 milhões, é uma verba não carimbada, que não é uma parceria pública-privada, tampouco uma verba estadual ou federal, mas sim oriunda de recursos livres do superávit de 2015”, apontou Porto.
Na opinião do vereador, esse superávit poderia ser utilizado em qualquer setor público, inclusive em políticas públicas para o esporte. “Cai por terra o argumento de dificuldade de verbas para essas modalidades extintas. É tudo uma questão de prioridade, do prefeito priorizar um esporte elitista e de pouca função social em vez de garantir investimento em modalidades que abrangem centenas de atletas locais. Triste metrópole do futuro que opta em não priorizar seus atletas, seus adolescentes e crianças, mas opta por priorizar pilotos de corrida”.
(Texto: Júlio Carignano