Na sessão ordinária desta segunda-feira (23) o vereador Paulo Porto (PCdoB) apresentou um projeto de lei que torna a Associação Olhar Down Cascavel, utilidade pública. “Venho à tribuna dizer que me sinto honrado por dois motivos: primeiro por ter sido procurado pelos companheiros do Olhar Down para apresentar esta lei, e segundo, por justamente propor esta lei que tem como objetivo declarar como utilidade pública a entidade Olhar Down no município de Cascavel. Uma proposição que aposta na humanização e no combate ao preconceito em um momento no qual o discurso do ódio se levanta em todo país, em especial ódio a diversidade e a diferença”, destacou o vereador. O projeto de Lei foi aprovado em primeira votação, com 16 votos favoráveis e nenhum voto contrário. A segunda votação será na sessão ordinária desta terça-feira (24).
De acordo com a presidente da associação, Marcia Joana Krokoscz Martignoni, a partir desta Lei a associação poderá captar recursos que possibilitarão que projetos sejam postos em prática. “Hoje temos um projeto de acolhimento e sonhamos com um projeto de estimulação precoce para os bebês. Hoje a Apae faz este trabalho, mas existe fila de espera. É muito importante que os bebês sejam muito estimulados a partir dos 30 dias de vida. Para isso precisamos de recursos, nós não temos uma sede própria, também vamos precisar de profissionais como fisioterapeuta e fonoaudiólogo”, explicou.
Esta entidade Olhar Down foi fundada em 24 de fevereiro de 2000 por pais, profissionais, amigos e pessoas com Síndrome de Down. E uma entidade sem fins lucrativos e atual em Cascavel e região. Entre seus principais objetivos está em construir uma rede apoio aos familiares e as pessoas com Down assim como o de promover meios para o desenvolvimento de atividades extra-curriculares, movimentos, clubes, atividades culturais e recreativas assim como firmar parcerias e convênios.
Sempre no sentido de combater o preconceito e garantir direitos, acessibilidade e vida plena as pessoas com Down, como por exemplo, a garantia da Lei 9.394 que obriga instituições de ensino regular a aceitar crianças com deficiência, no entanto na prática, muitas escolas não estão preparadas para receber os alunos, como consequência, muitas vezes, pais de crianças com síndrome de Down enfrentam alguns problemas para realizar a matrícula de seus filhos. O papel de entidades com o Olhar Down é justamente cobrar política e políticas públicas que garantam o respeito e a plena realização das pessoas com Down.
O vereador Pedro Sampaio (PSDB), citou um caso compartilhado recentemente pelo Senador Romário onde uma criança teria ido para a escola com uma espécie de fita no rosto, devido a um tratamento que estava passando por um problema na musculatura da boca. “Todos os amiguinhos da escola colaram uma fita para que ele não se sentisse diferente dos demais. Acho que é disso que estamos falando. Tenho um amiguinho que tem síndrome de Down, o João Pedro. É uma criança ímpar, fantástica! A gente tem que ter esse respeito e nós percebemos que, diante desta turma, as crianças dão uma lição de solidariedade, amor e inclusão”, destacou.
Já o vereador Parra (PMDB) afirmou que a Casa só pode homenagear e criar condições que fortaleçam a associação. “Para que cada vez mais vocês nos mostrem esse potencial que serve de exemplo para nós para que façamos de nossas dificuldades, algo que venha a nos favorecer”, disse. Fortalecimento que, de acordo com o vereador Carlinhos Oliveira (PSC), torna-se possível a partir de nova lei que permite que entidades participem de chamamentos públicos. “Este título vai propiciar à Olhar Down a buscar recursos junto ao poder público. O vereador, muitas vezes, não tem como tirar dinheiro do bolso para ajudar, mas através desta lei permite que a entidade seja amparada a ter estes recursos através de chamamentos’, explicou. “Isso é uma pequena parte que podemos contribuir , diante da grandeza do trabalho de vocês”, disse Fernando Hallberg (PPL).
Serginho Ribeiro (PPL), por sua vez, ressaltou que é preciso que haja reconhecimento para que as pessoas com Síndrome de Down possam evidenciar o grande potencial que possuem. “Essa associação é uma forma de mostrar união e se defender. Falo isso porque a gente sabe que, ao longo da historia, as pessoas vem cada vez com um pensamento. O único lugar que não tem preconceito é no campo de futebol. Fora isso, ainda hoje, as pessoas são reparadas pela condição física, cor da pele, ou roupa que está utilizando. O único jeito de fortalecer é com associações iguais a esta”, destacou o vereador Policial Madril (PMB). “Eu confesso que acho que é expressão do amor e efetividade compensa qualquer tipo de limitação”, complementou o vereador Romulo Quintino (PSL).
Já Jorge Bocasanta (PROS) ressaltou a importância em defender as minorias. “Vereador Paulo Porto, sua função aqui sempre foi defender as minorias. Temos que defender os índios, as pessoas com deficiência, os homossexuais. No dia a dia a maioria não precisa ser defendida, as minorias sim. Por isso toda a vez que vem nessa câmera algo contra as minorias meu voto sempre foi contra”, ressaltou. Já Gugu Bueno (PR), presidente da Casa, ressaltou que a Lei “será uma ferramenta muito importante para a associação. Esta Casa sempre estará à disposição”.