Professores e servidores técnicos de sete universidades paranaenses iniciaram mais uma semana de greve contra as medidas do governador Beto Richa (PSDB) que, segundo eles, ferem direitos históricos adquiridos pelo funcionalismo público do Estado, pelo pagamento do 1/3 de férias atrasado e contra a proposta de "autonomia financeira" que colocaria em risco itens da carreira da categoria e o financiamento integral das IEES (Instituições Estaduais de Ensino Superior).
A continuidade da paralisação foi aprovada em assembleias na última sexta-feira (27/02) e os calendários acadêmicos foram suspensos. Nesta segunda-feira (02/03), quando o movimento paredista completou 15 dias, servidores da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) e do HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) estiveram na Câmara Municipal de Cascavel para solicitar apoio dos vereadores.
O agente universitário José Paulo Tasca, diretor do Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento do Ensino Superior do Oeste do Paraná) fez o uso da tribuna do povo para apresentar os motivos que levaram trabalhadores a paralisar as atividades.
O dirigente sindical explicou que os trabalhadores continuam lutando para receber o 1/3 (um terço) de férias que deveria ser pago ainda dezembro e querem a garantia de que o governo não irá reenviar projetos que ferem a autonomia e a previdência dos servidores. "No primeiro turno o governador mentiu ao dizer que as finanças do Paraná estavam bem, mas logo depois da eleição fez um corte de 30% no custeio das universidades. Em dezembro voltou a taxar os aposentados inativos do estado com desconto de 11% de suas aposentadorias, além de limitar o teto máximo da aposentadoria dos servidores ainda ativos", afirmou.
Para Tasca, o discurso do governador e seus representantes contradizem com algumas medidas tomadas. "Ao passo que diante de tudo isso, o governador aumentou seu salário e de seus secretários, além do auxílio moradia de juízes e funcionários de outros órgãos, entre eles o TCE, que é quem fiscaliza as contas do governo. Apesar de pregar austeridade, esse governo possui dinheiro para determinadas categorias elitizadas do Paraná".
O diretor do Sinteoeste também explicou a proposta de autonomia financeira proposta pelo governo. "Nós já temos autonomia prevista em Constituição Federal, o que o governo está propondo limitar o financiamento das atividades das universidades, se isentar do que hoje é de sua responsabilidade. Algo que do jeito que está já não está dando conta", esclareceu.
Em sua conclusão, José Carlos Tasca pediu apoio dos vereadores ao movimento paredista. "São os integrantes da comunidade acadêmica, professores e técnicos, que mantém essa universidade, a única pública das regiões Oeste e Sudoeste do Estado. Nossa briga não é por salário, é por manutenção de direitos de nossa carreira e do financiamento da nossa universidade", concluiu.
Aula pública não inaugural
Também nesta segunda-feira, dia 02, trabalhadores da Unioeste participaram da "Aula Pública Não Inaugural", promovida pelo DCE (Diretório Central de Estudantes) do campus de Cascavel. O ato teve o intuito de recepcionar estudantes, especialmente os calouros, e explicar os motivos da paralisação e os detalhes da luta dos servidores do Paraná.
A aula pública contou com a presença das professoras Liliam Faria Porto Borges, Pró-Reitora de Graduação da Unioeste, Francis Guimarães Nogueira, vice-presidente do Sinteoeste e do professor Luis Fernando Reis, da Adunioeste
(Julio Carignano, da assessoria do vereador Paulo Porto)