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Vereador levanta questões sobre Operação Castra, da Polícia do Paraná

A Operação “Castra”, deflagrada pela Polícia Civil na semana passada em Quedas do Iguaçu, Francisco Beltrão e Laranjeiras do Sul, região centro-sul do Paraná, e também em São Paulo e Mato Grosso do Sul, tem gerado debates sobre a truculência da ação e também sobre algumas perguntas que seguem sem respostas das autoridades policiais.
A ação teve como alvos integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e, entre as questões levantadas estão a apresentação, durante coletiva de imprensa em Cascavel, de armamentos apreendidos no dia anterior à operação e sem qualquer relação com os investigados, a invasão de uma escola de formação em Guararema (SP) sem mandado de busca ou ordem judicial e a omissão de que as prisões foram feitas em áreas públicas da União e não em áreas da empresa Araupel.
Todos esses questionamentos foram levantados nesta terça-feira (8/11) pelo vereador Paulo Porto (PCdoB) no plenário da Câmara de Cascavel. “Porque essas armas que não foram apreendidas com militantes do MST foram apresentadas de forma midiática e espalhafatosa como sendo dos Sem Terra? O que levou a Polícia Civil do Paraná a apresentar armas em uma operação em que não houve apreensão de armas?”, indagou.
O parlamentar levou ao plenário noticiários de veículos de imprensa de Laranjeiras do Sul, datados de 3 de novembro – um dia antes da Operação Castra – que já noticiavam a apreensão das armas de posse de Evaldo Azevedo, conhecido como Valdo, que não tem relação com o MST ou com os acampamentos citados pela polícia. “Estranhamente, nos decretos de prisão em desfavor dos militantes do MST, não consta o nome do senhor Evaldo Azevedo”.
Porto repudiou a invasão de policiais na Escola Nacional Florestan Fernandes, centro de formação em Guararema, no momento em que era realizado um evento cultural com a participação de estudantes e representantes de 40 países. “A mesma operação, em sua ânsia de provar que o MST é uma organização criminosa invadiu sem mandato judicial – o que é de novo no mínimo estranho e ao arrepio da lei – a Escola Nacional Florestan Fernandes, ocasionando uma terrível repercussão nacional e internacional”.
O vereador lembrou que a operação aconteceu no mesmo momento em que a empresa Araupel tem perdido processos na Justiça, no instante em que as terras reivindicadas pela empresa estão sendo declaradas como terras griladas da União. “Vale lembrar que em primeira instância, em decisão da Justiça Federal de Cascavel, os títulos da Araupel já foram considerados nulos, ou seja, grilados. Quem afirma é a Justiça Federal”, recordou.
Na opinião do vereador, a operação teve o intuito de criminalizar as lideranças do movimento. ”O que levou a polícia prender de forma midiática, com direito a helicópteros e atiradores de elite, o vereador recém eleito em Quedas com a maior votação da história apenas a partir de evidências circunstanciais frágeis? Por que esta ação acorreu agora justamente quando a Araupel perde em todas a instâncias seus direitos às terras que foram esbulhadas do patrimônio público”?
Para concluir, Porto destacou que essas indagações devem ser respondidas de forma clara e objetiva para que não haja nenhum suspeita da relação de interesses da Araupel na operação que leva o nome de “Castra” que, em latim significa “extensão de terra reservada a acampamento militar, ou seja, um latifúndio”.

(Da assessoria do vereador Paulo Porto)