Em uma sessão tensa, com o auditório lotado de motoristas e cobradores, a maioria dos vereadores de Cascavel decidiu manter o veto ao projeto que proíbe a dupla função de motoristas do transporte público municipal.
Com nove votos favoráveis ao veto e sete contrários, os vereadores decidiram que motoristas devem continuar exercendo a função de cobradores. Isso contraria o Sintracovel (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo de Cascavel) que pressionou os vereadores a votarem contra o veto.
A categoria reclama que a dupla função aumenta o estresse e gera um esgotamento dos trabalhadores porque eles precisam estar atentos ao trânsito, receber dinheiro e devolver troco e, ainda, cumprir o horário do itinerário de cada linha.
Durante a discussão, cinco vereadores pediram voto contrário ao veto: Rui Capelão (PPS), que é autor do projeto; Paulo Porto (PCdoB), Jorge Menegatti (PSC), Jorge Bocasanta (PT) e o presidente da Câmara, Márcio Pacheco (PPL).
Capelão argumentou que a Câmara precisa defender os trabalhadores e destacou que as empresas que exploram o serviço de transporte público em Cascavel já receberam muitos benefícios do governo e precisam dar uma contrapartida. “Temos que olhar para nossos trabalhadores. Eles não podem ser massacrados por interesses econômicos e as empresas já recebem muitos benefícios o governo federal, estadual e até municipal”.
Paulo Porto (PCdoB) atacou a justificativa de que o fim da dupla função aumentaria o valor da passagem. O comunista citou conquistas históricas dos trabalhadores em que o mesmo argumento era utilizado. “O argumento é sempre o de que haverá prejuízo aos trabalhadores. Foi assim quando foi implantada a jornada de oito horas, disseram que iria faltar emprego. Foi assim quando foi aprovada a licença maternidade, e diziam que não se contrataria mais nenhuma mulher e isso não aconteceu. Existem direitos inegociáveis e um deles é a dupla função dos motoristas”.
Já o presidente da Câmara, Marcio Pacheco (PPL), qualificou a relação entre o fim de dupla função como aumento da passagem como uma “falácia”. “Os trabalhadores vem enfrentando problemas de saúde, psicológicos e esgotamento. Esse argumento de que vai aumentar o valor da passagem é uma falácia pois quando foram extintos os cobradores, não foi reduzida a cobrança do vale-transporte”.
O único parlamentar discursar a favor do veto foi o líder da base governista, Gugu Bueno (PR). “Estamos diante de uma questão muito complexa. Eu entendo que a função de cobrador está em extinção pois em muitas cidades já não existem mais a figura dos cobradores”.
Votaram a favor do veto os vereadores: Claudio Gaiteiro (PSL), Danny de Paula(PMN), Romulo Quintino (PSL), Luiz Frare (PDT), Jaime Vasatta (PTN) , João Paulo (PSD), Marcos Rios (Solidariedade), Gugu Bueno (PR), Walmir Severgnini (Pros).
Os contrários ao veto foram: Jorge Bocasanta (PT), Rui Capelão (PPS), Fernando Winter (PTN), Pedro Martendal (PSDB), Jorge Menegatti (PSC), Vanderlei Augusto da Silva (PSC), Paulo Porto (PCdoB).
Assessoria de Imprensa/CMC